Qual a câmera fotográfica que devo escolher na hora de comprar?

Fotografia de Ângela Augusto

 

Esta é uma questão com que muita gente se depara no momento em que decide adquirir uma câmera fotográfica nova e que, inevitavelmente, levanta outras questões: “qual a melhor câmera para mim?”; “existem tantas marcas e modelos, qual é que devo escolher?”; “se me estou a iniciar na fotografia, devo comprar uma câmera própria para iniciantes ou já devo pensar numa adequada para avançados?”; “já tenho uma câmera mas quero fazer um upgrade, qual é que devo escolher?”… Estas e outras questões podem surgir nestes momentos de decisão e é natural que assim seja, porque o mundo da fotografia é imenso e muito diversificado. Cada pessoa tem aos seus objetivos e interesses, o que torna a decisão difícil, mesmo quando se pede a opinião a quem tem muita experiência.

Antigamente, a decisão era mais fácil pela escassez de opções. Era apenas, quase sempre, uma questão financeira. Na altura, havia muitas limitações ou inexistência de funcionalidades, se compararmos com os modelos mais atuais. Hoje não é bem assim, porque existem muito mais opções e não existe um único modelo que consiga colmatar todas as necessidades. Podemos, sim, encontrar uma solução que seja satisfatória para os nossos objetivos.

Vamos dar algumas informações e sugestões, para que na altura de decidir seja mais fácil escolher a câmera fotográfica mais indicada para as suas necessidades. Vamos a isso!

 

• O que procurar numa câmera fotográfica?

Esta procura torna-se rapidamente muito complicada pela sua complexidade de opções. Quanto mais opções temos menos confortável será a decisão de escolha final, mas será importante ter uma noção destas opções e, nesse sentido, vamos tentar resumir o que é essencial: a qualidade de imagem para os nossos propósitos, a ergonomia, o tamanho e peso da câmera adequados, a simplicidade na utilização, a versatilidade da troca de objetivas, uso de um tripés, o orçamento, etc.
São estas algumas questões essenciais que devemos ter em conta quando quisermos adquirir uma câmera fotográfica.

 

• Com que frequência vou fotografar?

Esta é outra questão pertinente, porque existem soluções mais indicadas para um uso muito frequente (diário) e outras mais indicadas para o uso mais esporádico. Faz sentido um investimento acentuado para um uso mais frequente, mas não nos devemos só limitar à frequência com que vamos utilizar, também devemos ter em conta a finalidade para que a vamos usar. Por exemplo, num registo apenas para as férias talvez faça sentido uma câmera mais em conta, como uma câmera compacta Se for para uma utilização de hobby ou profissional, então devemos ponderar um investimento mais avultado, como uma DSLR ou Mirrorless. Para uma frequência mais ativa, em que a qualidade não seja o aspeto mais preponderante e o intuito seja apenas partilhar as fotografias nas redes sociais e arquivar no PC, então uma Câmera Compacta ou Bridge pode servir.

 

• Quais os assuntos que queremos fotografar?

Os assuntos e contextos que queremos fotografar são essenciais. Por exemplo, se quisermos a melhor solução para fotografar em estúdio, essa solução não será a mais indicada para realizar fotografias quando vamos fazer uma caminhada ou viajar de mochila às costas. Neste último caso, devemos optar por uma câmera que seja mais prática para viagens e resistente o suficiente. Numa situação em que a qualidade é fundamental devemos optar por uma DSLR ou Mirrorless com muito boa qualidade de imagem.

 

• Qual é o meu orçamento?

O orçamento que temos disponível pode fazer a diferença na escolha da câmera. Genericamente, pode partir-se do princípio que quanto melhor a câmera, mais moderna (recente) ela é, quanto mais funcionalidades tiver ou maior for a notoriedade de marca, mais dispendiosa será. Mas isto não significa que a mais cara seja a melhor solução para os nossos interesses. Por isso é que é muito importante levarmos em conta todas as opções e características das câmeras que existem hoje no mercado. Podemos pensar que uma compacta é muito mais barata que uma DSLR, no entanto, existem compactas a custar milhares de euros e DSLR por poucas centenas de euros. Há também câmeras com mais opções do que aquelas que necessitamos e o que queremos que é seja mais simples de funcionar… Caso o nosso orçamento seja mais flexível, melhores opções poderemos encontrar. Não nos interessa estar à procura de uma solução para depois percebermos que não temos o orçamento necessário e isto é fácil de acontecer, porque existem muitas opções que custam desde uma centena de euros até opções de milhares de euros. Por isso, uma das primeiras decisões que se deve tomar é sobre o orçamento que estamos confortáveis para investir.

 

• Há melhores opções para quem é um fotógrafo iniciante ou para quem já tem alguma experiência?

No caso da decisão para os fotógrafos que já têm alguma experiência, esta será mais fácil, uma vez que já têm conhecimento e prática, logo, já estão mais orientados para o que pretendem. Para os iniciantes na fotografia, o caso é diferente, porque podem ter algumas ideias do que pretendem, mas têm pouca prática e/ou pouco conhecimento do que é necessário. Neste caso deve procurar-se uma solução que seja mais genérica para que haja alguma flexibilidade para se poder optar por novos caminhos (finalidades).

 

• Até que ponto é que qualidade da imagem é importante?

Se o meu objetivo é partilhar as fotografias nas redes sociais, como o facebook, instagram, whatsapp, etc, então, a qualidade da imagem não precisa de ser muito elevada, porque este tipo de plataformas não o exige. Se, por acaso, queremos muita qualidade nas fotografias, por exemplo, para imprimir em alta definição, em tamanho médio ou grande, para sítios da internet que tirem o máximo partido da qualidade: para exposição para uma galeria ou numa parede em casa, etc., então a qualidade de imagem vai ser algo que vamos ter em conta na decisão final.

 

• Então a qualidade da imagem vê-se pelos “mega pixels”? Quanto mais, melhor?

Existe uma tendência para se pensar que quanto mais “mega pixels” tiver melhor a qualidade de imagem, mas não é bem assim, se compararmos duas câmeras que são iguais em todos os aspetos, mas uma tem mais “mega pixeis” do que a outra, então, podemos dizer que uma é melhor do que a outra. Mas entre câmeras com características diferentes, isto não tem de ser necessariamente verdade. Uma coisa que temos de verificar é o tamanho do sensor e, quanto maior for o sensor, mais qualidade terão as fotografias dessa câmera. E diferentes tamanhos de sensores afetam direta e diferentemente outros fatores, como por exemplo a profundidade de campo, a luminosidade, o ruído, as cores e o contraste. É mais importante o tamanho do sensor que muitos “mega pixeis”.

 

• Quero ter o máximo de controlo sobre as fotografias ou quanto mais simples e prático melhor? Quero ter a opção de fazer uns upgrades no futuro?

Se o nosso objetivo é fazer alguns registos de tempos a tempos, como os registo das férias e pouco mais, onde o que importa é o registo sem ter que pensar em como vou tirar a fotografias, então, nesse caso, uma câmera compacta serve perfeitamente. Caso queiramos dedicar-nos mais à fotografia, fotografando em vários tipos de ambientes, vários assuntos ou quisermos pensar na fotografias em função de cada situação, então nesse caso, devemos procurar uma solução que nos permita trocar de objetivas, ligar um flash externo, etc. que podem ser entres as Mirrorless e as DSLR.

 

• Qual o tipo de câmera que escolher?

Podemos resumir os tipos de câmeras em DSLR, Mirrorless e Compactas (point-and-shoot). Para quem procura soluções para um hobby ou para o universo profissional pode optar por uma DSLR ou Mirrorless, onde a qualidade é muito elevada, podem trocar-se as objetivas, ligar flashes externos, tem boa qualidade de imagem, boa robustez, mais controlo sobre o processo de tirar fotografias, etc.. Estas são tendencialmente mais caras, mais pesadas e menos práticas de transportar (principalmente as DSLR).
Se queremos uma opção mais barata, fácil de utilizar e de transportar, então as compactas (point-and-shoot) são as mais indicadas. Como o nome (point-and-shoot) sugere é mesmo só apontar e disparar, ou seja, apontamos para o assunto, fazemos o zoom que pretendemos e carregamos no botão – mais simples é difícil. São muito mais pequenas, mais baratas, fáceis de transportar e mais leves, mas temos menos controlo sobre o ato de tirar a fotografia. Por exemplo, se estivermos numa situação com crianças ou animais em movimento vai ser mais desafiante conseguir uma boa fotografia. Será uma boa opção para quem não tem interesse em ter um grande domínio na fotografia, e para quem apenas interesse o registo fotográfico simples.
Se pretendemos uma opção que dê para transportar de um lado para o outro e, mesmo assim, ter uma grande qualidade, então a opção pode recair para uma solução Mirrorless, porque em comparação com as DSLR, são câmeras mais leves e mais estreitas devido à sua forma abdicar de uma estrutura de espelho que existe nas DSLR. Isto para as câmeras digitais, mas podemos optar pelas câmeras analógicas e, nesse caso vamos estar a fotografar com película que nos oferece muito boa qualidade, mas também devemos ter em conta a logística e despesa que vamos ter quando queremos revelar e comprar mais os rolos.

 

• Devo ter em conta as marcas e respetivos modelos?

Se partimos do princípio que marcas conhecidas já estão no mercado há muito tempo e, por isso já têm experiência para terem opções com qualidade, então pode ser uma boa opção. Isto porque podem ter um melhor suporte no apoio ao cliente, mais garantia, possibilidade de fazer upgrades, etc. Notar que entre as marcas já conhecidas não existe muita diferença na qualidade das imagens entre modelos da mesma gama. Mas também podemos ter em conta outros fatores, como algumas marcas serem tendencialmente mais caras do que as outras. Também podemos pensar em ter uma câmera que permite a troca de objetivas, tipos de cartão de memória, etc. Pode ser interessante saber quais as marcas e modelos que os meus amigos e familiares utilizam e, assim, podermos ter a opção de pedir emprestado uma objetiva que seja compatível com a nossa câmera (porque é da mesma marca e pode servir). Ou então para aqueles que já têm uma câmera com algum equipamento extra, esses podem ponderar manter-se fiéis à mesma marca, no caso de ser possível continuar a utilizar esse material (p.e. objetivas, filtros, flash, cartões de memória, bateria, etc.).

 

• Como posso ter experimentar uma câmera que estou indeciso em adquirir?

Podemos sempre ir a uma loja física fazer perguntas e, se já tivermos uma ideia de alguns modelos, podemos pedir para experimentar esses modelos. Devemos levar um cartão de memória e tirar algumas fotografias para depois visualizarmos em casa, no computador, e assim fazer as devidas comparações do mesmo tipo de fotografia entres os modelos testados.

 

• Qual a melhor ergonomia e peso e estrutura de uma câmera para mim?

É muito importante que a estrutura das nossas mãos seja adequada à câmera que vamos adquirir, porque se, passado algum tempo, começar a doer a mão ou a pesar muito, etc. será sempre uma experiência pouco interessante e acabará por ser sempre uma experiência penosa. Podemos sempre perguntar a amigos, familiares se têm o modelo em que estamos interessados, ou mesmo nas lojas físicas, para experimentarmos os modelos e assim testar a ergonomia e ter logo uma noção se nos serve.

 

 

• Existe uma boa maneira para comparar modelos sem ter um contacto direto?

É sempre muito interessante fazer comparações entre modelos que estamos a testar. Na internet existem alguns sítios que fazem essas comparações e nos dão uma resumo muito direto e detalhado sobre todas as especificações e, alguns, até atribuem pontuações. Também podemos colocar essas questões em fóruns ou contactar diretamente escolas e clubes de fotografias para nos darem algumas orientações.

Espero que, neste momento, estejam mais informados para a aquisição de uma câmera fotográfica. Se existir mais algumas questões, simples ou mais complexas, podem sempre contactar o IPF e, certamente, haverá alguém disponível para lhes responder.

 

Texto de Carlos Álvares