
O que é a Profundidade de Campo e Como Posso Controlá-la na Minha Câmera Fotográfica?
Xavinia Di Rollo
Uma das questões mais frequentemente colocadas pelos alunos dos Cursos de Iniciação à Fotografia, e mesmo do Curso Profissional de Fotografia do Instituto Português de Fotografia, prende-se com o controlo da profundidade de campo e com as formas como a mesma pode ser controlada pelo fotógrafo.
Mas afinal, a que nos referimos quando falamos de profundidade de campo?
A profundidade de campo
Podemos definir a profundidade de campo como sendo a extensão da área de nitidez de uma determinada imagem, isto é, a área que se situa entre o fotógrafo e o plano de focagem e para além do plano de focagem e que se apresenta nítida.
Apesar de o plano de focagem assumir importância no controlo da profundidade de campo, não se devem confundir os dois conceitos. Por definição, o plano onde é feita a focagem encontra-se nítido, mas existirão outras áreas da imagem (para a frente e para trás do plano de focagem) onde a imagem apresenta igualmente nitidez.
Pode, assim, concluir-se que a nitidez de uma imagem não dependerá apenas da focagem, mas igualmente de outros factores, que são precisamente os que permitem controlar a profundidade de campo.
A escolha de uma determinada profundidade de campo é da maior importância na qualidade estética da imagem, cabendo a escolha ao fotógrafo se, por exemplo, pretende obter uma grande extensão de nitidez (numa paisagem, por exemplo) ou reduzir essa extensão de nitidez (num retrato, por exemplo, para isolar o sujeito da envolvente).
Os principais factores que permitem controlar a profundidade de campo são a abertura do diafragma, a distância focal da objectiva e a distância ao plano de focagem, sendo que, em qualquer situação, a profundidade de campo ficará dependente da conjugação destes três factores.
A) A abertura do diafragma
O controlo da abertura do diafragma, para além do papel essencial que tem para a exposição da fotografia (a abertura do diafragma permite controlar a quantidade de luz que irá incidir sobre o material fotossensível), é igualmente uma importante ferramenta criativa, por permite controlar a profundidade de campo.
Assim, quanto maior for a abertura utilizada menor será a profundidade de campo. Inversamente, quanto menor for a abertura utilizada, maior extensão de nitidez será obtida.
Em termos práticos, mantendo os outros dois factores que condicionam a profundidade de campo inalterados (distância focal e distância ao plano de focagem) se passarmos, por exemplo, de uma abertura relativa de f/11 para f/4 iremos obter uma menor profundidade de campo.
Em termos práticos, existem muitas situações de fotografia de paisagem em que se pretende obter uma grande profundidade de campo. Assim, tendencialmente, será aconselhável a utilização de uma abertura menor (representada por um valor f maior), por forma a alcançar a máxima área de nitidez possível.
Grand Canyon, Arizona, USA, 2014 ©Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Na fotografia acima, foi utilizada uma abertura relativa de f/14, o que permitiu alcançar uma grande profundidade de campo.
Pelo contrário, em muitas situações de retrato pretende-se “isolar” o sujeito do ambiente que o rodeia. Nestes casos, será aconselhável a utilização de uma abertura maior (representada por um valor f menor), por forma a diminuir a área de nitidez.
S/T, Guiné Bissau, 2018, © Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Ao contrário da fotografia anterior, neste retrato pretendia-se isolar a figura humana do fundo, tendo sido utilizada uma abertura relativa de f/1.4, encontrando-se a zona de nitidez apenas no rosto (olhos e boca).
B) A distância focal
A escolha da distância focal da objectiva que estamos a utilizar assume igualmente um importante peso no controlo da profundidade de campo. Neste caso, quanto menor for a distância focal maior será a profundidade de campo que se conseguirá alcançar (mantendo-se inalterados os restantes factores que afectam a profundidade de campo).
Assim, a profundidade de campo que se conseguirá alcançar com uma distância ao ponto de foco de 1,5 metros, uma abertura relativa de f/8 será maior se utilizarmos uma distância focal de 35 mm do que se utilizarmos uma distância focal de 70 mm, por exemplo.
S/T, Namíbia, 2011, © Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Nesta fotografia, a utilização de uma distância focal de 450 mm permitiu obter uma reduzida profundidade de campo, restringindo-se a zona de nitidez às zebras.
C) A distância ao plano de focagem
Outra das formas de controlar a profundidade de campo relaciona-se com a distância do plano de focagem em relação ao fotógrafo. Quanto mais afastado se encontrar o ponto em que focamos maior será a profundidade de campo. Esta regra leva-nos a concluir que, por exemplo, se tivermos um elemento da composição da fotografia que se encontre próximo do local em que nos encontramos e se pretendermos efectuar o foco nesse ponto, para obtermos uma grande profundidade de campo teremos de utilizar uma abertura menor do que aquela que seria necessário utilizar para obter a mesma profundidade de campo no caso de a focagem ser efectuada a uma maior distância.
Lisboa, Portugal, 2017, © Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Nesta fotografia nocturna do Rio Tejo, uma vez que o foco foi efectuado no pontão que se encontra em primeiro plano, foi necessário fechar o diafragma (f/16) de forma a conseguir que toda a paisagem se encontre nítida.
Lisboa, Portugal, 2017, © Tiago Lopes Fernandez / Peek Creative Collective
Nesta segunda fotografia, como a focagem foi feita na ponte, que se encontra a uma distância significativa do fotógrafo, para atingir a mesma profundidade de campo não foi necessário utilizar uma abertura tão pequena, sendo o valor de f/11 suficiente para o efeito.
O controlo da profundidade de campo é, como vimos, uma importante ferramenta criativa que poderá começar a explorar através do controlo das variáveis que abordámos no presente artigo.
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